ENTREVISTA A RODETH GIL
“Angola tem tudo para poder
marchar como quiser”
(entrevista publicada no Jornal de Angola no
dia 11 de Novembro de 2018)
Influenciada pelo programa "Angola
Combatente", aderiu à luta armada contra o colonialismo português aos 12
anos, juntando-se a um grupo de mais de 70 pessoas que chegaram à III Região
Político-Militar, aberta pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Rodeth Gil, a pessoa de quem se fala, destapou o seu baú de memórias numa
conversa, aberta e distendida, com o Jornal de Angola, durante a qual falou
também do presente e do futuro de um povo que não tem necessidade de viver na
condição de pobreza. "Nós temos possibilidades de ter as mínimas condições
desde que estejamos unidos em torno da mesma ideia e da mesma ansiedade de
acabarmos com a pobreza", afirmou Rodeth Gil. À leitura.
Onde esteve no dia da proclamação da
Independência?
Esta
pergunta foi-me feita, há pouco tempo, quando vinha para o Jornal de Angola.
Lembro-me muito bem, porque é uma data que me marcou muito, não só por ser da
proclamação da Independência, mas também pela missão que estava a cumprir nesse
dia.
Qual
era a missão?
A
direcção do partido, na voz do camarada Presidente Neto, deu-me a missão de
cuidar do camarada Aníbal de Melo, que estava incomodado devido a um acidente
de viação que sofreu. Ele estava acamado, por isso fui incumbida para o cuidar
nesse dia.
Estava
a cuidá-lo na condição de enfermeira?
Sim,
como enfermeira militar. Nós tínhamos um posto médico na Vila Alice. Na altura,
o MPLA acabava de entrar e toda a desconfiança era pouca.
O posto médico estava onde é hoje o Comité Provincial de Luanda do MPLA?
Estava no lado
oposto. O posto médico funcionava praticamente como SAMM (Serviço de
Assistência Médica Militar).
Como
correu o trabalho nesse dia?
Eu
estava a cuidar de um dos líderes do MPLA. Aníbal de Melo desapareceu
fisicamente nesse dia. Acho que não aceitou a posição de imobilidade em que se
encontrava e por não poder estar presente na cerimónia de proclamação da
Independência. A dada altura, chamou-me para me dizer para ir a casa buscar os
meus filhos, uma rapariga e um rapaz, porque, segundo ele, não deviam ficar
sozinhos naquele dia. Eu fui, porque também era só atravessar a estrada para
chegar a casa.
No
regresso, com os miúdos, já não encontrei o chefe na sala onde o havia deixado.
Fiquei à sua procura e, quando vou para a varanda, encontro-o estendido no
chão. Atirou-se do primeiro andar da vivenda. Acho que ele não aceitou as
condições físicas em que se encontrava e por não poder estar no acto de
proclamação da Independência.
Já o encontrou morto?
Sim,
já estava morto quando regressei ao local. Já não houve socorro. Procurei os
camaradas Luísa Vastock, enfermeira chefe, Chamavo, Cassessa e Muambaka. Os
doutores Cassessa e Muambaka eram grandes médicos na guerrilha.
Ausentou-se
durante quanto tempo?
Foram
apenas dez minutos, porque vivia mesmo ao lado da casa onde cuidava do camarada
Aníbal de Melo.
Durante o tempo que esteve com Aníbal de Melo conversaram bastante sofre o
fim da colonização portuguesa em Angola, que estava prestes a acontecer?
Com
o camarada Aníbal de Melo conversei bastante enquanto cuidava dele. Ele sabia
dos preparativos que estavam a ser feitos para a proclamação da Independência.
Quando ouvíamos o barulho que vinha de Kifangondo, ele dizia "para quê
esse tiroteio todo?" "Para quê esses obuses?" "É para não
sermos independentes?" "Não vão conseguir!" Hoje, vamos ser
independentes".
O acidente de viação ocorreu na Tanzânia ou
numa zona da III Região Político-Militar?
O
acidente de viação aconteceu na Tanzânia, onde o camarada Aníbal de Melo era
representante do MPLA. No dia do acidente esteve com o camarada Afonso
Van-Dúnem "Mbinda", que era quem conduzia a viatura. Comecei a cuidar
do camarada Aníbal de Melo seis dias antes da proclamação da Independência.
Rodeth Gil deixou de ter, há anos, vida pública, depois de ter deixado de
exercer o cargo de secretária de Estado dos Assuntos Sociais. O que faz,
actualmente?
Fiquei
à frente da Secretaria de Estado dos Assuntos Sociais durante 12 anos - de
Março de 1980 a Abril de 1992. Por ter achado que já estava há muito tempo a
dirigir um sector e estar convicta de que o sector já poderia ser liderada por
uma outra pessoa, decidi ter chegado a hora de deixar o cargo, decisão que
transmiti ao Presidente José Eduardo dos Santos. Numa reunião do Conselho de
Defesa e Segurança, o Presidente disse-me que eu não poderia deixar ainda a
direcção da Secretaria de Estado dos Assuntos Sociais. Na reunião, decidiu-se
que eu deveria criar as condições para que a Secretaria fosse elevada a
Ministério, tendo em conta os passos significativos e a evolução que o sector
conheceu. Deram-me um tempo e, antes do fim do prazo, foi criado o Ministério
da Reinserção Social. Apresentei o documento que deu corpo à criação do
Ministério. A partir daí, o Presidente aceitou a minha retirada.
Para onde foi?
Quis
aprender a língua inglesa e ter uma outra formação que me permitisse dar outros
passos a nível do conhecimento. O Presidente aceitou. Fui para a Inglaterra,
onde fiz um ano de língua, no Metropole College e, depois, engenharia
informática.
Quando desempenhou o cargo, Angola acolhia milhares de refugiados
sul-africanos e namibianos, além de dar assistência a deslocados que, saídos
das áreas de origem, procuravam refúgio nas capitais de província, onde havia
maior segurança. Quais eram então as principais linhas de força da política de
assistência social?
Neste
período, o que, realmente, achava necessário era entrar em contacto e trabalhar
directamente com as agências das Nações Unidas e mobilizar outras organizações
humanitárias para apoiarem Angola. Participei em várias conferências
internacionais. Numa reunião, no Ministério do Interior, o Presidente José
Eduardo dos Santos disse para mim: "a camarada Rodeth Gil, na qualidade de
secretária de Estado dos Assuntos Sociais, tem de ser agressiva para fazermos
face à guerra que estamos a viver". Com esta “palavra de ordem”, redobrei
os contactos com organizações internacionais, solicitando-lhes todo o tipo de
apoio, em medicamento, comida e material de ensino. Com o amparo das FAPLA,
tínhamos a certeza absoluta de que, nas zonas onde estavam deslocados e
refugiados, o inimigo não poderia pisar. E não conseguiu mesmo, porque o
próprio povo estava também munido de meios de segurança. Tivemos problemas, de
Cabinda ao Cunene, mas não faltou comida nem medicamento. E as escolas foram
lançadas, algumas mesmo debaixo de árvores. Mas havia sempre aulas.
Que
legado acha ter deixado na Secretaria de Estado dos Assuntos Sociais?
Quando
assumi a liderança da Secretaria de Estado dos Assuntos Sociais encontrei
apenas três assistentes sociais. Para trabalhar com deslocados, com população
vulnerável, o quadro social é fundamental. Encontrei os camaradas José António
Martins, Maria da Luz e Teresa Rocha. Quando cheguei à secretaria, o primeiro
trabalho que fiz, para poder conhecer melhor o sector, foi lidar com o pessoal
de base, desde o trabalhador da limpeza ao estivador, até chegar ao director
nacional. Quando entrei houve aquela linguagem de que ela não é doutorada, não
tem curso superior, por isso não vai conseguir dirigir. Não se falava disso
dentro do serviço. Mas algumas pessoas alheias ao sector especulavam. Afinal,
fomos bem sucedidos.
Fiquei
com a impressão, no dia em que acertámos a realização da entrevista, de que,
ultimamente, a prática da agricultura é um dos seus afazeres. Está a praticar
agricultura familiar ou empresarial?
(risos)Quero
praticar agricultura familiar. A agricultura empresarial requer pessoal e meios.
Não temos meios. Estou a tentar fazer agricultura familiar, mas também preciso
de meios. Quando ligou para mim, estava a lutar para pôr o meu tractor a andar.
Não consegui porque está com problemas na bomba injectora. Eu frequentei, como
militar, um curso de mecânica, por seis meses, - é muito pouco tempo -, por
isso gosto de estar ao lado dos mecânicos para acompanhar o trabalho.
Ainda acredita na máxima de Agostinho Neto, segundo a qual "a
agricultura é a base e a indústria o factor decisivo"?
Sempre
digo que não podemos substituir esta palavra por qualquer palavra nova que
seja. Não foi em vão que Agostinho Neto lançou esta palavra de ordem. O
presidente Neto tinha experiência. O povo em geral sabe que, sem a agricultura,
não se pode viver. Como é que se pode dizer que, para acabar com a fome, você
deve levar a vida a comprar (importar)?
A maioria dos angolanos continua mergulhada na pobreza 43 anos depois da
Independência. Do ponto de vista de execução, o que faltou ao Programa Maior do
MPLA?
Não
gostaria de fazer grandes comentários sobre esta situação. Não gosto de “chorar
sobre o leite derramado”. Devemos pensar que para a frente é o caminho. Se
cometemos erros, vamos colocar os erros no passado. Devemos estar é com a
actual direcção do Governo e do partido para fazermos o melhor. Angola não é
pobre. Ainda ontem ouvi que, no Curoca, província do Cunene, foi descoberto
granito negro. O que nós precisamos é pôr as nossas cabeças a funcionar. O
camarada Agostinho Neto dizia "por onde não passa o seu braço, põe lá o
seu miolo". Se o nosso braço não entra num buraco, a nossa inteligência
pode entrar.
Com
que sentimento fica quando sai à rua e vê que, na prática, alguns dos motivos
pelos quais milhares de pessoas da sua geração lutaram contra o colonialismo
português ainda estão presentes na vida de cidadãos de um país potencialmente
rico?
Eu
diria que a palavra independência diz tudo. Se compararmos o homem escravo e o
homem independente, o homem independente tem tudo para poder marchar como
quiser. É só uma questão de utilizar a inteligência e saber o que quer para o
seu futuro. Nós temos possibilidades de ter as mínimas condições desde que
estejamos unidos em torno da mesma ideia, da mesma ansiedade de acabarmos com a
pobreza. Os angolanos não têm necessidade de viver na condição de pobreza.
O MPLA teve uma forte presença no leste de Angola, tendo, por esta razão,
arrastado para as suas fileiras centenas de jovens locais, que participaram na
luta armada pela Independência Nacional. Rodeth Gil integrou um grupo de 79
pessoas, entre as quais quatro mulheres. Conte-nos, de forma sucinta, o
percurso deste grupo.
Este
grupo mobiliza-se a partir de Teixeira de Sousa (actual Luau, no Moxico), em
1962. O chefe da equipa que incentiva este grupo de criancinhas é um camarada
que era administrador na era colonial em Malanje, a quem chamávamos “padrinho
Miguel”. No grupo não havia ninguém com mais de 20 anos. Eu tinha 12. O chefe
da equipa encontrou uma forma de retirada deste grupo de Teixeira de Sousa,
fazendo-o atravessar a fronteira, para entrar no Congo Kinshasa e dali para a
Zâmbia, onde se encontrava o camarada Aníbal de Melo como representante do
MPLA. A ansiedade era de luta para a libertação nacional. Uma pessoa não livre
não consegue trilhar outras ideias. Esta equipa de 70 e tal camaradas foi
recebida pelo camarada Aníbal de Melo e, depois, pelo Presidente Neto. O grupo
foi abrir depois a III Região Político-Militar.
Quem
são as outras mulheres?
São
as camaradas Maria Fátima, Alice Guilherme Wandundu, minha prima, já falecidas,
e Amélia, mulher do camarada Jamba Yamina. A camarada Amélia era a mais velha
do grupo.
Uma criança de 12 anos já tinha consciência política?
Uma
criança de 12 anos daquele tempo não é igual a uma criança de hoje. O facto de
ser filha de pastor contribuiu para que tivesse a capacidade de ter esta noção.
Os pastores deram um impulso maior à luta armada contra o colonialismo
português e entendiam a palavra liberdade.
A
III Região Político-Militar não foi aberta por Daniel Chipenda?
Não
é verdade! Foi aberta pelo Presidente Neto. O Daniel Chipenda vem depois. Este
grupo do Chipenda, do qual faço parte, é dirigido pelo próprio Presidente Neto.
Encontrámos na zona que já estava aberta os camaradas Dilolwa, Petroff,
Ngakumono e um outro camarada que depois vai para a facção Chipenda. Com a
entrada destes camaradas, houve uma mobilização massiva de jovens na Zona A, da
III Região Político-Militar. Houve o primeiro curso no CIR - Centro de
Instrução Revolucionária. O primeiro curso termina com a participação de muita
gente. Estes depois são espalhados por várias zonas e abriram a IV Região
Político-Militar.
Como aderiu à luta pela Independência Nacional?
Ouvindo
o "Angola Combatente". Aliás, foi este programa que incentivou a ida
para a guerrilha deste grupo de mais de 70 adolescentes. Entregamo-nos a um
movimento sério que lutava pela Independência Nacional.
A
presença feminina fez a diferença em algumas das etapas da luta armada?
Havia
muitas mulheres, algumas das quais tinham como tarefa principal fortalecer a
retaguarda dos combates e assegurar a logística. Outras serviam como guias. Foi
muito importante a participação das mulheres.
Apenas ficou na III Região Político-Militar?
Só
estive na III Região. Comandei depois um sector que estava próximo da IV
Região. O meu marido, Henrique Gil, e o camarada Kumbi Diazabu foram os dois
comandantes na abertura da IV Região.
Acha que as revoltas do Leste e Activa, duas facções que surgiram no MPLA,
refrearam, até certo ponto, o ímpeto da resistência armada desencadeada pelo
MPLA?
Estremeceu
um bocadinho! Uma pessoa que vê as suas ideias reprovadas pela maioria fica
sempre sozinha. A maioria reprovou as ideias dos mentores das duas revoltas.
Há
uma interligação entre a Revolta do Leste e a Revolta de Jibóia? Ou seja, são a
mesma coisa?
São
a mesma coisa. O Chipenda também queria ter o seu partido, por insatisfação,
quando vai para o leste.
Acompanhou por perto o desenrolar da Revolta do Leste?
Quando
aconteceu a revolta do Chipenda, eu já estava, há um mês, na Tanzânia, por
orientação do Presidente Neto. Foi num ano em que o Presidente Neto retirou
muitas crianças da guerrilha para mandá-las para vários países socialistas a
fim de estudarem. Quando o Presidente Neto sai do maquis para a Tanzânia, já havia
um tumulto muito grande no leste. O MPLA estava dividido entre MPLA Chipenda e
MPLA Neto. Quando chegou à Tanzânia, Neto convocou uma reunião, na qual disse
que "o MPLA estava dividido, mas não podemos chamar MPLA Chipenda. É
Revolta Chipenda". O Neto disse ainda que quem quisesse juntar-se à
Revolta Chipenda, podia ir. E quem quisesse ficar com a direcção do movimento,
podia ficar. Houve uma explosão muito grande dos militantes presentes. Ninguém
queria ouvir falar na Revolta Chipenda. O MPLA entrou em Angola vitoriosamente.
O MPLA Chipenda entrou com dúvidas. Não teve militantes. Se tivesse militantes,
teria tido pelo menos uma sede numa província. A derrota do Chipenda começou no
próprio leste. Quando se utilizava a linguagem Revolta do Leste, o pessoal do
leste dizia "alto aí, Revolta Chipenda, sim, e não Revolta do Leste"
O leste não aderiu. E os que aderiram à Revolta Chipenda foram maioritariamente
indivíduos do sul, o que deu a entender que o Chipenda defendia o regionalismo.
O Chipenda começou a perder credibilidade por este tipo de atitude. Os
indivíduos do leste aceitaram ficar com a direcção do MPLA, liderada pelo
camarada Neto.
Mas
o comandante "Jibóia" foi do leste. Conheceu-o?
Conheci-o.
Mas quem era o "Jibóia" para influenciar o povo do leste?
Lembra-se
de quando veio a Luanda?
Eu
fui destacada para a província do Bié. Por determinação do Presidente Neto, os
camaradas Lúcio Lara e Joaquim Kapango foram buscar-me ao comando onde estava
no leste para me colocarem no Bié para comandar as FAPLA e ser coordenadora da
Comissão Directiva do MPLA no Bié.
Antes da Independência?
Sim,
antes da Independência. Foi quando o MPLA entrou nas cidades.
Quando é que chega a Luanda?
Cheguei
a Luanda em 1976 porque vim em busca de armamento.
No início da entrevista, disse-me que esteve a cuidar de Aníbal de Melo na
véspera da Independência.
Depois
da Independência, eu saí de Luanda. E regressei várias vezes à capital. Em
Junho de 1975, assumo a responsabilidade do MPLA e das FAPLA no Bié. Faço
depois vai-e-vem em busca de meios bélicos a Luanda. Quando o Bié foi atacado e
o Huambo tomado, vinha a Luanda buscar material bélico.
Como
vê o actual estado do país?
O
camarada João Lourenço encontrou uma Nação com dificuldades, num momento de
grande crise financeira. A força, a vontade e a determinação com que ele
começou a trilhar a direcção da Nação dão-me uma esperança muito grande de que
as dificuldades vão ser vencidas. É um líder que quer, primeiro, a coragem de
toda a gente, a honestidade de toda a gente e que as pessoas se sintam
responsáveis pelas suas acções como angolanos.
Vai
conseguir corrigir o que está mal logo no primeiro mandato?
Juntos
com ele vamos conseguir corrigir o que está mal. Tudo tem sempre um fim. O que
está mal terá também um fim. A escravatura teve o seu fim. Esta palavra de
ordem é muito encorajadora para toda a gente. Cada angolano deve empenhar-se
para corrigir o que está mal.
Muitos antigos combatentes e veteranos da Pátria não têm uma vida digna. Não
lhe dói o coração quando se encontra com antigos companheiros de arma que
lamentam a triste vida que têm?
É
um problema que se arrasta há anos. Sempre houve reclamações. Não gostaria de
dizer que o assunto vai ser resolvido de imediato. Se tivesse havido maior
atenção, o ideal seria capacitar estes antigos combatentes com meios de
sobrevivência, porque Angola tem muita terra arável. Se a agricultura é a base,
eles teriam que trabalhar a terra. O Governo tem que fazer alguma coisa pelos
antigos combatentes.
PERFIL
Rodeth Teresa Makina Gil nasceu no Cuito, Bié,
mas passou os primeiros anos da sua infância na Lunda, onde o pai era pastor.
Quando tinha 4 anos perdeu o pai e, dois anos depois, a mãe. Criada pelos tios,
irmãos da mãe, Rodeth Gil cresceu na Missão de Lucinda, vila Teixeira de Sousa,
actual Luau, província do Moxico, de onde partiu, aos 12 anos, para a
guerrilha, juntando-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), em
1962. Aprendeu enfermagem na guerrilha, formação que a levou a fazer Medicina,
após deixar o cargo de secretária de Estado da Assistência Social. Desistiu no
segundo ano, por não ter conseguido encarar uma situação que foi "ver um
cidadão morrer e não o poder salvar". Além do francês, fala inglês, língua
aprendida no Metropole College, na Inglaterra, em cujo país se formou também em
engenharia informática. Rodeth Gil é membro do Comité Central e da sua Comissão
de Disciplina e Auditoria. Está, actualmente, ligada à Imprensa Nacional, onde
exerce o cargo de administradora não executiva. A antiga secretária de Estado
dos Assuntos Sociais trouxe ao mundo quatro filhos - três meninas e um rapaz.
Uma das meninas faleceu há vinte anos.
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